João Alfredo, município pernambucano que recentemente ofertou 803 vagas em concurso público para diversos cargos, vive agora um cenário inusitado e desafiador: no cargo de Procurador Municipal, 85 candidatos obtiveram pontuação igual ou superior a 95 pontos, dos quais 25 alcançaram a nota máxima de 100 pontos. Com apenas duas vagas imediatas disponíveis para o cargo, a classificação deve ser definida exclusivamente por critérios de desempate — entre eles, a idade dos candidatos.
As provas foram aplicadas nos dias 5 e 6 de abril de 2025, sob responsabilidade da banca ADM&TEC. De acordo com o resultado preliminar publicado no site oficial do concurso, o certame recebeu 25.717 inscrições. Desse total, 21.018 candidatos obtiveram nota superior a zero. Outros 1.283 ultrapassaram os 90 pontos, e 264 superaram a marca dos 95. Ao todo, 74 pessoas conquistaram a pontuação máxima. O concurso avança nas etapas pós-prova.
A elevada quantidade de notas altas, sobretudo no cargo de procurador, gerou frustração entre candidatos bem preparados, que esperavam uma prova mais difícil. “A ADM&TEC manteve um padrão semelhante ao de certames anteriores, mas desta vez o volume de candidatos foi muito maior, o que acentuou os empates nas primeiras posições”, comentou um dos inscritos. Uma candidata de 24 anos, aluna do curso preparatório Jaula, que alcançou 100 pontos, relatou estar desanimada: “Fechei a prova, mas dificilmente serei chamada. Com tantas notas máximas, a escolha dependerá apenas da minha idade.”
O caso levanta debates sobre os critérios de desempate em concursos públicos e a importância do nível de exigência das provas para cargos de alta complexidade técnica, como o de Procurador Municipal. Para especialistas, provas mais seletivas contribuem para uma seleção mais justa, baseada no desempenho e conhecimento específico, e não em fatores meramente biográficos.