A Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE) enfrenta uma crescente demanda por pessoal, com 226 cargos vagos atualmente, de acordo com dados do Portal da Transparência. O problema, no entanto, vai além do número de vagas. A casa também enfrenta um quadro preocupante de servidores sem vínculo efetivo, com mais de 1600 ocupando funções sem o concurso público que deveria garantir a estabilidade e a conformidade legal do órgão.
Apesar desse cenário, deputados que são reconhecidos por sua militância em favor da realização de concursos públicos, como Gleide Ângelo e Gilmar Júnior, não têm se manifestado publicamente sobre a necessidade de realizar um novo certame na própria ALEPE. Gleide Ângelo, uma ativista dos concursos na área policial, e Gilmar Júnior, defensor do piso salarial nas áreas de saúde, são amplamente conhecidos por suas batalhas em prol da ampliação de vagas e melhores condições para servidores públicos, mas, curiosamente, nunca se ouviram declarações de ambos exigindo um concurso na casa legislativa que representam.
O último Concurso para a ALEPE ocorreu em 2014, oferecendo 100 vagas para cargos de níveis médio e superior, com a Fundação Carlos Chagas como organizadora. Desde então, a casa enfrentou uma drástica vacância de cargos, especialmente os de Técnico Legislativo em Processo Legislativo (67 vagas) e Agente Legislativo (34 vagas). Ao todo, são mais de 226 cargos vagos, enquanto o número de servidores temporários, sem vínculo efetivo, segue crescendo, o que coloca em risco a qualidade e a transparência do trabalho legislativo.
A ausência de manifestações públicas sobre a necessidade de um concurso na própria ALEPE levanta questionamentos sobre os motivos que levam esses parlamentares a não incluir a própria casa no seu discurso em favor do concurso público. A contradição é ainda mais evidente quando se considera a pressão por novos concursos em outras áreas, como a saúde e a segurança pública, que são de interesse direto de Gleide e Gilmar.