Por Patrícia Oliveira
O concurso público da Prefeitura do Recife para o cargo de Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial (AADEE) tem enfrentado uma sequência de atrasos e mudanças no cronograma desde o lançamento do edital, em 2024. A seleção, que oferece 400 vagas e atraiu quase 6 mil inscritos, é parte das promessas da gestão municipal para suprir o déficit histórico de profissionais voltados à educação inclusiva na capital. No entanto, o andamento do processo tem gerado frustração e desconfiança.
Somente em 2025, o cronograma oficial já sofreu ao menos três alterações significativas. A primeira ocorreu em 3 de março, seguida de nova mudança em 14 de abril e, mais recentemente, outro atraso foi confirmado no dia 16 de junho. A falta de previsibilidade tem gerado cobrança dos candidatos e críticas à gestão municipal, especialmente diante do cenário de denúncias e investigações relacionadas à deficiência de atendimento às crianças com deficiência na rede pública.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) mantém uma série de procedimentos abertos contra a Prefeitura do Recife, justamente pela precariedade na oferta de educação inclusiva. Faltam profissionais de apoio, transporte escolar adaptado e acompanhamento especializado em diversas escolas e creches da cidade. As constantes convocações de temporários, como a mais recente anunciada em 30 de junho para cargos administrativos e de apoio especial, reforçam as críticas à demora na efetivação dos concursados.
A gestão de João Campos (PSB) também enfrenta denúncias de improbidade administrativa, contratações irregulares e dificuldades financeiras, o que contribui para o clima de incerteza quanto ao futuro da rede educacional inclusiva. No dia 23 de junho, o MPPE voltou a cobrar medidas concretas para sanar a falta de profissionais e garantir o direito das crianças com deficiência à educação de qualidade.
Enquanto isso, os candidatos aprovados e a população aguardam definições. Para os inscritos no concurso do AADEE, o atraso representa não apenas um obstáculo profissional, mas um reflexo direto da fragilidade estrutural que ainda compromete o atendimento educacional especializado no Recife.